sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Porque todos nós precisamos de recomeços.

“Todo fim é também um começo, nós só não sabemos disso na hora.” – Criminal Minds (Episódio final da 7ª temporada)

Já havia pensado sobre isso várias vezes. Na verdade, depois de certo tempo acabo entediada, não que eu seja inquieta ou alguma caçadora de aventuras. Apenas tenho esses feelings de vez em quando. Sempre gostei da ideia do recomeço, de estar prestes a viver algo novo e inesperado.
Gosto também de coisas finalizadas, sabe? Aquele momento em que você resolve a equação, desvenda o enigma, ou olha para o seu armário depois que termina de colocá-lo em ordem. Fico extremamente empolgada com situações desse tipo.
Só que as vezes abandonar certos hábitos, lugares e pessoas parece algo tão complicado, quase impossível. Nosso organismo é programado para funcionar gastando o mínimo de energia possível, isso é físico, mas de certa forma também é psicológico, insistimos em estar parados ou repetindo movimentos.
Alguém que durante toda vida, morou numa mesma cidade, na mesma casa, convivendo com as mesmas pessoas, mantendo hábitos como fazer compras às sextas-feiras e ir à missa aos domingos não é tão diferente de alguém que viveu em constante mudança, nunca durando mais do que dois anos em um mesmo lugar, tendo empregos que apenas lhe garantissem a sobrevivência e sempre deixando bons amigos para trás, nas memórias. Esse é só um exemplo de que a mudança de ambientes nem sempre significa movimento, transformação.
Estamos sempre à procura de versões melhores de nós mesmos. Acho que é o certo. Apesar de nossa condição humana, fomos feitos para Santidade, somos o reflexo da perfeição. Nada mais justo do que buscarmos isso.
Embora tenhamos que nos empenhar bastante para deixar de lado algumas coisas, deixar algumas partes de nós morrerem para que algo melhor possa surgir, o esforço é certamente válido. Não sei quem exatamente disse isso porque sou péssima com citações, mas sei que “todo santo peca pelo menos 7 vezes ao dia”.
Certamente algo não está certo, então lembrar-se dessa frase diariamente pode ser um exercício válido. Pensar: o que eu devo finalizar hoje? O que precisa morrer em mim para que algo melhor possa surgir? Todo novo dia deve ser uma ressurreição, deve ser um recomeço.
Só o Senhor pode nos ajudar a realizar essa mudança, se entregue a Ele em suas orações, peça pela sua ressurreição, para que Ele lhe traga de volta à vida com sentido, operando o recomeço de que precisamos.
Busquemos a Santidade!


Dica: pensei nessa música ótima do Jon Foreman pra ajudar nessa reflexão. (Ressurrect me)

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Das voltas que a cabeça dá: Namoro.

Talvez seja porque eu não esteja apaixonada, e convenhamos que os pensamentos tornam-se mais claros e mais lógicos quando estamos assim. Não sinto a necessidade de estar simplesmente junto a alguém; abraçando, sentindo, tocando. E possivelmente, eu esteja começando a perceber novamente o que significa o namoro.
Não preciso e nem devo esconder as tantas voltas que o meu coração e a minha mente deram nos últimos dois anos. Vivi bastante coisa, umas muito boas, outras muito ruins. Tive inúmeras conversas longas, umas sobre as maiores bobagens, outras sobre coisas extremamente tristes e sérias. Conheci tanta gente que até perdi a conta, conheci diferentes opiniões, pensamentos e estilos de vida. Conheci-me até me desconhecer.
E hoje, eu ainda não sei exatamente quem eu sou, se estou irremediavelmente distante de quem eu fui, se ainda não consegui aceitar quem me tornei ou se simplesmente, por estar viva, e estar em troca constante com tudo que está a minha volta, estou em constante transformação. Gostava de quem eu era, e houve dias em que desgostei muito de quem estava sendo. Embora hoje, esteja satisfeita com o caminho que percorri.
É inevitável passar os dias sem deixar um pouco de você por onde passa e sem absorver, cada pequena parte, de cada coisa com quem se tem contato. Viver sem mudar sempre, sem absorver novas perspectivas, sufoca você em si mesmo. É importante viver e errar também, às vezes. É válido entender que você é uma obra que nunca estará finalizada, pelo contrário estará sempre em construção, sempre necessitando de um reparo, e de um olhar novo pra mudar o rumo de tudo, tornando as coisas melhores.
Por um bom tempo eu deixei minhas convicções religiosas de lado, eu simplesmente não estava discutindo, nem me aprofundando, e muito menos querendo viver de tal maneira. Muito do que eu acredito estava presente no meu cotidiano, só que cada vez com menos frequência e muito menos intensidade. Eu apenas não queria aquelas certezas naqueles momentos, e fui vivendo sem elas, procurando talvez, esquecer-me delas.
Mas felizmente, tudo que está realmente certo em você, não se esquece, não se apaga; as coisas realmente boas e importantes que se aprende não podem ser esquecidas por completo, as lembranças tristes, e ao mesmo tempo valorosas, permanecem, com o tempo menos doloridas, mas sempre presentes.
Tudo que aprendemos, tudo que vivemos, tudo que escolhemos, é parte de quem somos, e mesmo mudando, não perdemos partes nossas. Caminhei, caminhei, até estar parada aqui, agora, escrevendo essas palavras. Tentando guardar seguramente cada nova convicção, que mistura tudo que vivi, que vai aos poucos consolidando minhas opiniões atuais. Esses lampejos vem rapidamente, e são extremamente certeiros, por isso é importante aproveitá-los.
Finalmente, aquela luz interior, aquele sopro de sabedoria, que sempre me acompanha inconscientemente, esse grito de Verdade; posso ouvi-lo, ainda que como um sussurro.
E percebo; que o namoro é preparação, é encontro de pessoas que enxergam a vida de maneira similar, que querem tentar caminhar unidas; é encontro de pessoas que se respeitam, que se veem como dons de Deus. O namoro é experiência simultânea em Deus e no outro, é transbordar-se; é aprender a dividir seus sonhos, suas orações, seu dia a dia.
Não se deve desejar alguém em sua vida, simplesmente para tê-la ao seu lado, sendo dois. Acredito que se deva desejar alguém com quem ser um seja a única opção. De certo, não há nada correto ou definitivo quando se trata de amor, quando se trata de duas pessoas. Cada um de nós tem sua singularidade, cada caminho percorrido apresenta suas curvas e leva a destinos desconhecidos.
O fato é que acabo de compreender que os meus desejos estavam por muito tempo ou desde sempre errados. Não sei qual dos dois se confundia mais, se a cabeça ou o coração, sei que as coisas dentro de mim não estavam no lugar.
Primeiro eu preciso de amor próprio, de respeito a quem eu sou, de um olhar especial para mim mesma, estar ciente do meu valor, da minha singularidade e da minha importância aos olhos de Deus; preciso lembrar sempre de que fui pensada para ser única e sou amada, pelo maior e mais sincero Amor.
É só cultivando esse Amor, que desde sempre faz parte de mim, que eu consigo transmitir amor e olhar carinhosamente para todos que estão ao meu redor, desenvolver a caridade, a piedade, a compaixão, a bondade, e tantas virtudes que só o amor ao próximo é capaz de nos proporcionar.
É possível entender?  Sei que sou um ser infinitamente amado, e me amo por ser assim; entendendo o amor consigo identificá-lo, colocá-lo onde está faltando. E transbordando tanto amor é que se consegue doar-se ao outro.
Então eu peço ao Senhor que retire a trava dos meus olhos e as impurezas do meu pensamento, para que eu consiga enxergar no outro o Deus que habita nele e vê-lo como pessoa que também foi pensada, que é amada e é dom do Senhor. Peço também que fortaleça minha fé a cada dia, para que o meu coração transborde seu amor misericordioso; que me esvazie e preencha-me novamente com os planos que tem para mim, que o meu querer seja também o Dele; que Sua presença seja cada dia mais forte; que não desista de mim.
Entregue-se nas mãos de nosso Senhor, seja Dele antes de mais nada. Ele tem bons projetos para você e acompanha atenciosamente cada passo seu.

Busquemos a Santidade!

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Por que é tão difícil olhar outro ser humano como igual?



Acabei de ver algumas notícias no jornal, na verdade, isso já dura alguns meses, pelo menos com tanta visibilidade, esse é um assunto recente. O crescente número de refugiados do norte da África e da Europa Oriental, que tenta se abrigar nos ricos países europeus, procurando um recomeço, uma vida distante dos abusos físicos e emocionais, presentes na realidade de seus países de origem. E do outro lado, um rico continente que se fecha, tentando ignorar um grito uníssono por socorro, vindo do mais profundo de tantas gargantas cansadas.
(Obra "Operários" - Tarsila do Amaral)
É realmente triste encarar notícias como essas. Pessoas que não se reconhecem como iguais. Nações e governos, que por razões políticas, econômicas, religiosas e outras tantas sem nenhuma explicação aceitável, mas certamente todas fúteis, tratam outros seres humanos com violência e descaso.
Com uma superioridade não merecida, eles decidem e escolhem, não percebem o quanto cada país desse, que sofre, com a pobreza, com as guerras, com conflitos intermináveis, com uma miséria tão grande que chega a doer a alma, que viu a maior parte de suas riquezas e sua identidade ser levada sem piedade por colonos bons em explorar, em sugar até causar danos quase irreversíveis.
O que eu ouvi de um crítico faz todo sentido, tal revolução é tão somente uma resposta, que mesmo demorada, começa a se desenhar em traços fortes, duros de enxergar, mas de uma necessidade e sinceridade inegáveis.
Ainda é muito difícil, para mim, entender como o homem pode maltratar tanto um igual. Como pode desconhecer um ser humano, para preservar uma cultura, uma etnia. Talvez por ser brasileira, por ser fruto de tanta miscigenação, por viver em um país onde o diferente está a cada passo, sempre perto, sempre em nós mesmos. Não temos medo de nos perder, porque somos essa confusão, esse todo, essa nação que abraça, sem mais. Talvez por isso, nós consigamos esse olhar tão humano; nós nos enxergamos como sendo um só. Nos adaptamos bem em qualquer região ou continente, e fazemos o melhor para que os que vem de fora também se sintam assim, acolhidos.
O país de renegados, o país da escória, do lixo da sociedade portuguesa, dos mulatos, dos sem raça. Talvez seja o único país preparado, não economicamente, não constitucionalmente, não politicamente, mas preparado humanamente para ajudar quem precisa e abrigar quem não se sente acolhido na própria casa.
Nunca olhei com tão bons olhos para o meu país, e nunca me senti tão receosa em relação a outros lugares do mundo. Que esse nosso olhar nunca se perca; e acredito que não se perderá, pelo contrário, estamos ensinando isso para o mundo inteiro, para todas as nações que nos observam de fora, de cima, e principalmente, para todos que são recebidos pelo Brasil. Propagamos o amor ao próximo. Propagamos o pensamento de que somos um só, humanos. E silenciosamente isso é ensinado e passará de geração em geração.
Infelizmente, o Brasil não é a rota mais fácil e nem pode acolher o mundo inteiro. E por essas pessoas, que se perdem em outros caminhos, que não possuem outras opções, que arriscam o pouco que lhes sobrou e se lançam com fé e esperança numa jornada complicada e com grandes chances de estar fadada ao fracasso, essas pessoas, merecem nossas orações, nossa atitude, nosso amor. Os católicos de todo o mundo, sobretudo os europeus, foram aconselhados pelo Papa a abrigar ao menos uma família de refugiados em casa. Muitas outras pessoas no continente, já tiveram iniciativa e estão agindo da melhor maneira que podem.

Nós somos muito pequenos diante dessa orquestra política que rege o mundo em alguns aspectos. No entanto, nós que cremos no Amor maior, no Amor misericordioso e sem limites, nos tornamos gigantes quando nos deixamos levar por Deus, quando entregamos a Ele tudo que nos perturba, quando reconhecemos que só há sentido verdadeiro em viver quando somos regidos pelo nosso Mestre, Senhor de nossas vidas.
Muitas vezes eu esqueço, mas quando me aflijo com coisas assim e me disponho a pensar, só consigo chegar a Ele, o porto, a fortaleza. E mesmo sendo pecadora até a unha do mindinho, nesses momentos, sinto que meu coração bate, que não é de pedra e que dentro dele há algo, uma chama que não apaga nunca. Nós sabemos o que ela significa, só insistimos em esquecer quase sempre.
Certamente essa questão não se resolverá agora, nem daqui a um mês, ou antes do fim desse ano, muito menos no próximo. Parece ser uma característica humana que não pode ser negada: ser relutante diante do que está errado e diante dos seus olhos, insistimos em não ver e não pensar, porém aquilo que fugimos, continua sempre lá, até que ele cede, e por si só se desfaz da invisibilidade forçada, e reage! E sopra em nós com toda força a dor e a inconformidade de ter sido ignorado. É isso que acontece agora, é isso que já aconteceu tantas e tantas vezes, por motivos diversos, em macro e microprocessos.
Um número incontável de pessoas, nesses últimos meses, tem sido perseguida, enganada, maltratada. A palavra perseguição ficou se repetindo em mim, e me lembrou de quando Jesus apresentou ao seus discípulos a justiça do Senhor, que muitas vezes é incompatível com a terrena, mas que prevalece sempre, por toda a eternidade. E Mateus registrou-as, as chamadas bem-aventuranças; e precisamente quando diz: "Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu.(5,10)", passam-se muitas coisas pela minha cabeça, penso em todos os que perderam suas vidas nessa jornada, todos que sofrem neste exato momento, todos que endurecem seu coração fazendo seus irmãos como inimigos, penso em todas as misérias que a condição humana cria e suporta. E desejo de todo o coração, que essas pessoas, que precisam de esperança, guardem a certeza dessa justiça, que prevalece e que é misericordiosa.


"Qual a diferença? Nosso olhar não deve se focar no que nos diferencia
e sim no que nos assemelha: o Amor que Deus tem por todos nós!"

Que o nosso coração transborde do Amor puro, verdadeiro e misericordioso.
Busquemos a Santidade!